Tem momentos em que o silêncio fala mais forte e alto do que qualquer palavra. O filme Old Joy (2006) se baseia nisso para mostrar o vazio deixado pelo tempo entre a amizade de dois amigos que não se vêem há algum tempo.
Fui atrás desse filme só por causa do Will Oldham e do Yo La Tengo. Não conhecia nada do diretor Kelly Reichardt e fiquei surpreso com a simplicidade e minimalismo absurdo desse filme sobre a amizade.
Baseado em uma história curta de Jonathan Raymond, que também escreveu o roteiro junto com o diretor, o filme mostra Mark (Daniel London) e Kurt (Will Oldham), velhos amigos que resolvem fazer uma caminhada pela floresta de Portland, em direção a uma estação natural de águas térmicas. Durante o passeio de dois dias, eles conversam sobre os velhos tempos e sonhos nunca realizados.
Em um certo momento, Kurt comenta sobre um sonho que teve onde ele estava comprando um caderno de anotações e uma mulher o abraça e diz que “tristeza não é nada mais do que alegria desgastada”. O vazio na amizade é essa alegria desgastada. Essa velha alegria.
E como toda jornada tem um fim, a dos dois terminam na mesma rua em que se conheceram, quase que completando o circulo da amizade. É uma despedida sem cerimônias, nada comparado aos momentos íntimos que tiveram enquanto estavam entre as árvores. Fica a incerteza de como tudo vai continuar, mesmo parecendo que tudo continua a mesma coisa.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a fotografia do filme, feita por Peter Sillen em Super 16mm (convertido depois para HD). As cores da floresta de Portland são radiantes! E a trilha sonora delicadamente feita pelo Yo La Tengo segue o ritmo do filme de forma perfeita, quase imperceptível.
Old Joy é um road movie diferente. Sem carros e estradas, somente dois caras buscando uma reflexão sobre o estado em que estão. Um filme sobre e para homens simples.
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